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A descoberta

 

 

 

Um homem adquiriu uma casa em uma propriedade que lhe pareceu de excelente qualidade. A localização, próxima à escola, permitiria que as crianças não tivessem problemas maiores para o aprendizado das letras.

 

O local era bem iluminado à noite, pois vários postes de luz se acendiam tão logo a claridade do dia diminuísse.

 

Tudo parecia perfeito. Ele não entendeu muito bem porque o dono, que lhe vendera a propriedade, dela se desfizera por um preço quase irrisório.

 

Alguns dias depois é que se deu conta porque o antigo dono saíra daquela casa, desgostoso e amargurado. O problema era o vizinho.

 

Água podre escorria pelo seu quintal, vindo do terreno ao lado. As crianças jogavam pedras, quebrando o telhado e as vidraças.

 

Papéis e outros produtos eram queimados, deixando cheiro ruim nas roupas que a esposa acabara de estender no varal. Parecia proposital. Bastava colocar as roupas no varal e lá vinha a fumaça.

 

Lixo era jogado no seu quintal: latas, vidros, objetos inaproveitáveis. Seus filhos não podiam brincar na calçada porque logo os filhos do vizinho os vinham perturbar, arrancando-lhes das mãos a bicicleta, o carrinho, a bola e os ameaçando com palavrões.

 

Preocupado, o pai de família procurou um advogado. Acreditava que, com vizinho tão difícil, somente a lei o poderia ajudar. Deveria ter, com certeza, lei que protegesse o cidadão de outro ser que não agia como cidadão.

 

O advogado, muito bem conceituado na cidade, ouviu com atenção. À medida que ia tomando ciência de todas aquelas barbaridades, foi se indignando.

 

Quando a exposição de todos os atos foi concluída, ele falou que a família vizinha deveria ser muito irresponsável. As crianças eram perversas. Os pais ausentes. Como podiam permitir tamanhos disparates?

 

A medida mais correta seria recorrer à ação policial. Sim, somente uma ação grave poderia pôr fim àqueles desmandos e tamanho desrespeito.

 

Sentou-se frente ao computador para preparar os papéis, a fim de dar uma solução ao caso e perguntou ao homem qual era o endereço da sua residência.

 

Quando ouviu o nome da rua, o número, a exata localização, ficou pálido e se recostou na cadeira. A casa do vizinho tão mal-educado, das crianças terríveis era o seu próprio lar.

 

*   *   *

 

De um modo geral, olhamos muito para os erros alheios e nos esquecemos de verificar as próprias falhas.

 

Em matéria de educação de filhos, quase sempre acreditamos que os nossos jamais tomarão atitudes erradas ou agressivas. Tudo porque os enviamos a uma boa escola e temos um certo padrão de vida.

 

Estejamos atentos. Examinemo-nos e observemos as ações dos nossos filhos, na infância ou na adolescência. E, antes que eles se tornem os terrores da vizinhança, façamos uso do amor que ampara e da energia que transforma os seres em criaturas dignas de serem chamadas seres humanos.

 

*   *   *

 

Educar é a melhor maneira de curar o desequilíbrio do mundo. A violência somente será banida da Terra quando nos educarmos na calma e no bom senso.

 

Existe a educação pessoal e a coletiva. A educação pessoal proporciona o progresso do indivíduo. A coletiva, resultado da primeira, faculta a evolução do mundo e das suas leis.

 

Para nos livrarmos de todas as chagas morais do mundo a iniciativa deve ser individual, estendendo-se no lar e se derramando pelas ruas e estradas, alcançando todos os seres.

 

 

 

Redação do Momento Espírita, com base no cap. 19

do livro Bem-aventurados os simples, pelo Espírito

Valérium, psicografia de Waldo Vieira, ed. Feb.

Em 11.10.2010.

 

Tenham um dia repleto de paz

 

Beijos em vossos corações

 
 
 
 
 
 

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