O Senhor Caitanya e o Renascimento da Devoção
GOURA PURNIMA KI JAY !
APARECIMENTO DO SENHOR CAITANYA MAHAPRABHU !!!
Março- dia - 08, 2012 –( Quinta- Feira )
Todas as Glórias ao movimento de Sri Caitanya Mahaprabhu!!!
VENHA COMEMORAR CONOSCO!
INICIO AS 19 HORAS.
Rua Felipe camarão, 140 tijuca –rj/RJ, 21-22886329
Email / MSN prabhupadavani@hotmail.com.
Lord Chaitanya and the Renaissance of Devotion
por Ravindra Svarupa Dasa
Enquanto a Europa, como que enfastiada de seu conceito medieval de
Deus, voltou seu interesse para o homem e o mundano; uma revolução
espiritual na Índia, destinada a se expandir para todo o mundo,
revelava a natureza dinâmica da Verdade Absoluta.
A Europa, no século XV, passava por aquela grandiosa transformação
sócio-cultural que o historiador Jules Michelet, olhando para trás em
reverência, chamou de Renascimento. Esse longo período medieval, com
sua visão tão deslumbrada por esplendidas imagens do eterno que não
podia sequer olhar de relance este mundo passageiro, com sua mente tão
obcecada por coisas vindouras – morte, julgamento, céu e inferno – que
encarava esta vida apenas como uma trilha árdua e preparatória, com
seu corpo social construído a partir de rígidas hierarquias e mantido
por uma laboriosa economia – tudo isso terminou.
Como um homem acordando do sono, a Europa recobrou seus sentidos e
olhou a sua volta como se, pela primeira vez, toda a vastidão do tão
fascinante mundo que lhe cercava, rico em misteriosas promessas,
convidasse-a a conhecer suas possibilidades ilimitadas.
Pico della Mirandola compôs a Oração Sobre a Dignidade do Homem. Ainda
representando temas piedosos, Michelangelo gravou em rocha a graça e
força de um Davi de músculos delicados e de proporções perfeitas e
compôs um hino em glorificação ao corpo masculino; enquanto que, em
toda a parte, pintores adornavam paredes com requintadas Virgens
Marias de braços flexíveis e compleições lustrosas. Intrépidos
navegantes direcionavam suas proas em direção a mares desconhecidos e
encontravam novos mundos para explorar. Na mesma fascinação
implacável, Leonardo da Vinci apresentou em seus detalhados estudos a
complexidade da anatomia humana e a mecânica dos pássaros em vôo.
Baseada em um novo tipo de riqueza feita pelo homem, uma nova
aristocracia ganha vida e cria um gigantesco império de troca,
transações bancárias e manufatura. Tirando Deus e colocando o homem e
a matéria no centro, acontece o nascimento do mundo moderno.
No século XV, a Índia também passava por um renascimento – um tanto
quanto diferente. Um renascimento, de fato, quase que oposto ao
europeu; acadêmicos o chamaram de "o renascimento de bhakti", um
grande renascimento da devoção por Deus. A proeminente figura deste
poderoso aparecimento religioso foi Sri Caitanya Mahaprabhu.
Quando pesquisadores modernos explicam mudanças históricas, eles, é
claro, consideram apenas causas mundanas – sociais, políticas,
econômicas, e outros fatores similares. Todavia, eu gostaria de
explorar outro tipo de causa: a divina. O Bhagavad-gita explica
brevemente como e porque Deus de tempos e tempos intervém na história
humana: "Sempre e onde quer que haja um declínio da prática
religiosa", Krsna declara, "e uma ascensão predominante de irreligião
– aí, então, Eu próprio descendo. Para libertar os piedosos e
aniquilar os malfeitores, bem como para restabelecer os princípios da
religião, Eu mesmo venho, milênio após milênio". (Bg. 4.7-8)
Como um texto introdutório, o Bhagavad-gita apresenta de forma sucinta
os princípios gerais. Textos mais avançados, como o Srimad-Bhagavatam,
fornecem informações mais avançadas. Baseando-se em tais trabalhos,
Srila Prabhupada comenta sobre a afirmação do Bhagavad-gita: "Não é um
fato que o Senhor aparece apenas em solo indiano. Ele pode Se
manifestar em todo e qualquer lugar, e a qualquer hora que Ele queira.
Em cada encarnação, Ele fala sobre religião tanto quanto possa ser
entendido pelo povo específico a quem Sua mensagem se destina – de
acordo com as circunstâncias deles. Mas a missão é a mesma – induzir
as pessoas a seguirem os princípios religiosos e a buscarem a
consciência de Deus. Algumas vezes Ele descende pessoalmente e, outras
vezes, Ele manda Seu representante autorizado na forma de Seu filho,
servo, ou Ele mesmo em alguma forma disfarçada".
Por que Deus teria que aparecer várias e várias vezes? Afinal, se Deus
é perfeito, Ele não teria de ser capaz de estabelecer a religião
perfeitamente? Uma vez não deveria ser o bastante? Esta é, todavia, a
natureza do mundo material: tudo perece com o tempo e, embora Deus
seja infalível, os seres humanos, que recebem e transmitem as
instruções de Deus, são falíveis. Consequentemente, as tradições
religiosas que Deus estabelece se tornam comprometidas e, com o tempo,
são desintegradas. Quando a religião decai dessa maneira, e a
irreligião consequentemente cresce, Deus descende para retificar o
equilíbrio e restaurar os princípios da retidão. A intervenção
periódica de Deus é crucial. Krsna observa no Bhagavad-gita que se Ele
não agisse dessa maneira, "todos os mundos seriam levados à
ruína" (Bg. 3.24).
O Renascimento na Europa serve como um claro exemplo do declínio da
religião. Mil e quinhentos anos antes, Jesus Cristo, o filho de Deus,
apareceu em uma periferia do Império Romana e ensinou, tanto quanto
possível, os princípios religiosos. Seus seguidores, adotando e
transformando a herança filosófica dos Gregos e o legado prático e
material dos Romanos, criaram na Europa, por fim, uma civilização
centrada em Deus. Mas o Renascimento, como um grande movimento de
secularização, sinalizou a destruição daquela civilização. A
ostentação sacerdotal e a corrupção viciaram o poder espiritual da
Igreja (como qualquer pessoa familiar com a história dos papas
renascentistas pode confirmar). Embora Martinho Lutero e outros
reformadores tenham tentado restabelecer a pureza do cristianismo,
eles desintencionalmente proveram os meios para os governantes
europeus se libertarem do controle religioso. Assim, a Reforma
contribuiu para o fim da civilização medieval centrada em Deus.
Se a Europa, durante os séculos XV e XVI ilustram o declínio da
religião apresentado no Bhagavad-gita, a Índia, no mesmo período,
ilustra o restabelecimento divino. O agente transcendental neste caso
foi Sri Caitanya, que apareceu em 1486 onde hoje é a Bengala
Ocidental, apenas quatro anos antes do nascimento de Lutero na
Alemanha.
Um homem deve ser aceito como uma encarnação de Deus apenas se Ele for
referido nas escrituras. Muitas escrituras predizem o advento do
Senhor Caitanya. O Srimad-Bhagavatam (11.5.32) diz: "Na era de Kali,
pessoas inteligentes executarão o canto congregacional em adoração à
encarnação do Supremo que constantemente canta o nome de Krsna. Embora
Sua compleição não seja enegrecida, Ele é o próprio Krsna. Ele é
acompanhado por Seus associados, Seus servos, Suas armas, e Suas
companheiras confidenciais".
Esse verso identifica o Senhor Caitanya como um tipo especial de
encarnação chamada "yuga-avatara". A literatura Védica descreve a
história como cíclica, progredindo através de repetidos ciclos de
quatro eras, chamados yugas. A primeira era do ciclo, satya-yuga, é
uma era de ouro de imenso bem estar material e espiritual; cada era
subseqüente é mais degradada do que a anterior. Estamos agora no ano
5000 da era de Kali, a última e mais desonrosa era. "Nesta era de
ferro de Kali", o Bhagavatam diz, "os homens têm vida curta. Eles são
briguentos, preguiçosos, desencaminhados, desafortunados e, acima de
tudo, sempre perturbados". (Bhag. 1.1.10)
A prática religiosa tem que ser tecida sob medida para as
características particulares de cada yuga. As práticas meditativas
adequadas para Satya-yuga, por exemplo, serão inefetivas na Kali-yuga.
As pessoas não têm mais o tempo, a determinação e a paz mental
necessários para se meditar apropriadamente. O Senhor, portanto,
descende em cada yuga – como o yuga-avatara – para estabelecer a forma
apropriada de religião. De acordo com o Srimad-Bhagavatam, o Senhor
Caitanya é o yuga-avatara desta era de Kali.
O Bhagavatam também aponta a prática religiosa específica que o Senhor
Caitanya iria propagar: sankirtana, o canto congregacional do nome de
Deus. Sankirtana é especialmente adequado para Kali-yuga porque ele é
tanto fácil de se executar quanto extremamente poderoso. Nesta era,
estamos em uma condição tão mórbida que apenas o mais poderoso dos
remédios pode nos curar. E nós recusaríamos o medicamento se ele não
fosse doce e fácil de se tomar. Portanto, o Senhor Caitanya disseminou
o santo nome. Não importa o quão briguentos, preguiçosos,
desencaminhados, desafortunados e perturbados possamos ser; podemos
facilmente cantar Hare Krsna com perceptíveis resultados espirituais.
Nós imediatamente sentimos um breve gosto da bem-aventurança
transcendental, e sentimos nossa luxúria, cobiça e ira diminuírem. A
imensurável potência do nome divino irá livrar mesmo a mais poluída
das mentes da putrefação da existência material.
O Senhor Caitanya possuía tamanho poder espiritual, que ondas de
devoção nasceram dEle e inundaram toda a Índia com amor por Deus. Sua
vida e ensinamentos foram peritamente recontados por Krsnadasa
Kaviraja Gosvami no Sri-Caitanya-caritamrta, universalmente
reconhecido como um clássico da literatura Bengali. Podemos ter uma
idéia da potência do Senhor Caitanya a partir desta descrição do
impacto causado pelo Senhor a algumas pessoas durante Sua turnê pelo
Sul da Índia:
A qualquer momento que o Senhor Caitanya Se encontrasse com alguém,
Krsnadasa Kaviraja descreve, Ele lhes pediria para cantarem Hare
Krsna. "Quem quer que ouvisse o Senhor Caitanya Mahaprabhu cantar
'Hari, Hari', também cantava o santo nome do Senhor Hari. Desta forma,
todos eles seguiam o Senhor, muito ávidos por vê-lO. Depois de algum
tempo, o Senhor abraçaria afetuosamente tais pessoa e solicitaria que
voltassem para casa, após investi-los com potência espiritual. Estando
devidamente dotados de poder, eles voltariam para suas vilas, sempre
cantando o santo nome de Krsna e ora rindo, ora chorando e ora
dançando. Tais pessoas dotadas de poder costumavam pedir a toda e
qualquer pessoa – qualquer um que vissem – que cantasse o santo nome
de Krsna. Dessa maneira, todas os habitantes daquelas vilas também se
tornariam devotos da Suprema Personalidade de Deus. E simplesmente por
receberem o olhar misericordioso de tais devotos, tais pessoas também
se tornavam devotos poderosos. Quando esses indivíduos retornavam para
suas vilas, eles convertiam seus co-cidadãos em novos devotos. Dessa
forma, a medida que os devotos iam de uma vila a outra, todas as
pessoas do sul da Índia se tornaram devotos. Assim, muitas centenas de
pessoas se tornaram Vaisnavas [devotos de Krsna] ao se encontrarem com
o Senhor Caitanya e serem abraçadas por Ele" (Cc. Madhya 7.98-105).
Uma característica marcante do aparecimento de Krsna como o Senhor
Caitanya é que, embora o Senhor Caitanya seja o próprio Krsna, Ele não
aparece como Deus, mas como um devoto de Deus. Há duas razões para
Deus assumir o papel de Seu próprio devoto, uma delas externa e
pública, e outra interna e privada.
A razão pública pela qual Deus se torna um devoto é ensinar o cantar
dos nomes de Deus da forma mais atrativa e poderosa. Fazendo o papel
de Seu próprio devoto – o maior devoto de todos – Krsna foi capaz de
demonstrar através de Seu próprio exemplo imaculado o esplendor do
serviço devocional puro. Uma vez que o Senhor Caitanya é Deus
revelando a nós como Ele deseja ser servido, os ensinamentos do Senhor
Caitanya são os ensinamentos mais autorizados.
A razão privada para Deus descender como o Senhor Caitanya é mais
complexa, e para entendê-la será preciso adentrar nas atividades
internas e confidencias de Deus. É basicamente, de fato, graças ao
Senhor Caitanya que tais assuntos tornaram-se acessíveis a todos nós.
(Eles são, certamente, descritos nas escrituras antigas, mas o Senhor
Caitanya iluminou os significados desses textos e fez sua importância
ser reconhecida por todos).
O aparecimento de Krsna como o Senhor Caitanya é o tributo pessoal de
Krsna às insuperáveis atividades do serviço devocional, especialmente,
de Seus devotos puros. Ademais, quando Krsna assumiu a posição de Seu
maior devoto, Ele tinha, de fato, um devoto em particular em mente:
Seu maior e mais íntimo devoto, que, na verdade, é uma devota: Srimat-
Radharani.
Você já deve ter visto pinturas que representam Radha e Krsna juntos;
o Senhor Krsna aparece como um jovem rapaz de compleição azul-
enegrecida, refulgente como uma nuvem de chuva recém formada iluminada
pelo sol. Srimat-Radharani é uma jovem mocinha igualmente bela; Sua
compleição é brilhante como ouro derretido. Krsna toca Sua flauta, e
Radharani, com Seu braço repousado suavemente sobre o ombro de Krsna,
ouve encantada. É visível pela postura dEles e pela forma com que Se
olham mutuamente que Eles estão profundamente apaixonados.
Ocidentais frequentemente entendem mal Radha e Krsna. Uma geração
anterior, puritana, estava espantada com a noção de que Deus poderia
ter uma consorte e estar envolvido em uma relação conjugal.
Atualmente, pode-se encontrar pessoas de uma geração mais jovem que
são muito apegadas a vida sexual, e estão empolgadas com a idéia de
que Deus também seja. Ambos os grupos estão radicalmente equivocados
quanto à relação de Radha e Krsna, porque ambos cometem o mesmo erro:
achar que a relação entre Radharani e Krsna é como uma relação sexual
mundana.
Masculino e feminino e a atração entre eles são encontrados neste
mundo unicamente porque a polaridade sexual e a atração entre eles
existem originalmente em Deus, em Radha-Krsna. Tem lá em cima, tem cá
em baixo. Mas há diferença também. Relacionamentos sexuais mundanos
são meramente reflexos pervertidos do relacionamento conjugal
transcendental entre Radha e Krsna, que é puro e espiritual e
destituído de qualquer vestígio de luxúria. Enquanto nossas mentes
materialmente maculadas estiverem condicionadas por desejos
ordinários, não seremos capazes de conceber o amor imaculado entre
Radha e Krsna. Nós projetamos nossas relações doentias e nosso amor
mundano em Deus. Isso é um grande erro. Uma pessoa só pode entender o
amor conjugal de Radha e Krsna como ele é se ela primeiramente se
tornar livre da luxúria. O Senhor Caitanya foi capaz de revelar de
forma sem precedentes a confidencialíssima relação entre Radharani e
Krsna porque Ele também ensinou o cantar de Hare Krsna, que destrói a
luxúria e outras impurezas materiais com uma eficiência imbatível.
Podemos entender a posição de Srimat-Radharani em termos de
"potência" (shakti) e o "potente" (shaktiman), ou seja, de poder ou
energia, de um lado, e o possuidor do poder, a fonte energética, do
outro. Para usar uma ilustração, o fogo é o potente, e o calor e a luz
são as potências do fogo. A potência suprema, a fonte última de todas
as energias, é Krsna; tudo o mais, material ou espiritual, é Sua
potência, emanando dEle como o calor e a luz emanam do fogo. (Calor e
luz são potências em relação ao potente fogo; o fogo, potência em
relação ao potente sol; o sol, potência em relação a Krsna, o potente
supremo. Tudo o que pode e não pode ser concebido pode ser
exaustivamente descrito como Krsna e Suas potências.
Três das numerosas potências de Krsna são proeminentes. Uma delas
manifesta todo o mundo material; outra, inumeráveis almas espirituais.
A terceira – chamada de potência interna – manifesta o reino
transcendental de Deus. Essa potência interna tem três subdivisões.
Através de uma dessas potências transcendentais, Krsna mantém Sua
existência e a existência de Seu reino eterno; através de outra, Ele
conhece a Si mesmo e permite que outros O conheçam. E através da
terceira potência interna, Ele desfruta bem-aventurança transcendental
e permite que Seus devotos também desfrutem.
Tal potência interna de bem-aventurança, chamada hladini-shakti, é
Srimat Radharani. Como a personificação da potência de prazer
transcendental de Krsna, Srimat-Radharani é a devota mais perfeita de
Krsna; Ele vive apenas para satisfazê-lO com Seu amor devocional puro.
Toda forma de serviço devocional cai sobre o auspicio de Srimat
Radharani e, apenas por Sua misericórdia e supervisão, os devotos são
capazes de dar prazer ao Seu amado Krsna. Ela é o devoto ideal, o
exemplo de amor incondicional.
Krsna e Radha são simultaneamente unos e distintos, assim como o fogo
e sua luz são unos e distintos ao mesmo tempo. Assim, embora Radharani
e Krsna sejam unos em Suas identidades, Eles são eternamente
individuais. Radha e Krsna juntos exemplificam a simultânea igualdade
e diferença da Suprema Personalidade de Deus e Sua energia, o que
constitui a Verdade Absoluta. Assim, Eles ilustram o mais profundo
princípio da metafísica.
Radharani e Krsna revelam que a natureza última de Deus contém
variedade eterna, e a reciprocidade interminável de amor entre Eles é
a base de um dinâmico processo interno pelo qual Krsna está
eternamente se expandindo em beleza e bem-aventurança. Embora Radha
não tenha nenhum desejo de desfrute pessoal, quando Ela vê Krsna, Seu
desfrute aumenta sem limites. Porque Seu desfrute aumenta, Sua doçura
e beleza também aumentam. Quando Krsna vê Radha se tornando mais e
mais bela, Seu desfrute também aumenta, fazendo a beleza e doçura dEle
crescerem. Quando Radha vê que Ela deu prazer a Krsna, Ela se torna
dominada por um grande prazer, e na proporção que Seu desfrute é
multiplicado, Ela se torna ainda mais bela e doce. Isso novamente
aumenta o desfrute pessoal de Krsna, bem como sua beleza e doçura...
Então essa reciprocidade segue, sem fim ou limites.
O nome Krsna significa "todo-atrativo", e saber da reciprocidade do
amor sempre crescente entre Radha e Krsna nos permite apreciar o quão
atrativo é Deus – mais atrativo do que qualquer coisa deste mundo.
Quando Deus é conceituado erroneamente como estático ou destituído de
variedade, isso faz com que o mundo material pareça mais interessante
e atrativo do que a transcendência. Esse conceito estacionário de Deus
foi pego emprestado pelos filósofos cristãos de Aristóteles e
consagrado na teologia medieval; e esta é uma das razões pelas quais o
Renascimento se voltou para o mundo material em busca de promessas,
aventuras e possibilidades crescentes. Deus foi filosoficamente
entendido como actus purus, que significa que Ele era tudo o que Ele
poderia ser; Ele era completamente estático, uma espécie de perfeição
congelada ou cristalizada.
Conclui-se que se Deus possui a plenitude da perfeição infinita, então
a perfeição divina estaria no máximo absoluto e não mais poderia
crescer. Mas Krsnadasa Kaviraja diz que, embora Deus esteja na
plenitude da perfeição, Ele ainda assim continua a crescer. O aparente
paradoxo pode ser mais fácil de se aceitar se considerarmos um
"paradoxo" similar descoberto pelos matemáticos modernos em suas
investigações das propriedades dos conjuntos infinitos. Consideremos,
por exemplo, um hotel com infinitos números de quartos, sendo que
todos estão ocupados. Embora o hotel esteja cheio, você pode sempre
hospedar mais pessoas – de fato, um número infinito de pessoas.
Imaginemos que o hoteleiro queira receber mais um hóspede. Ele soa um
apito, e todas as portas se abrem. O ocupante da sala 1 se muda para a
sala 2, o da sala 2 para a sala 3 e assim por diante ad infinitum. O
hóspede entra na sala 1, agora vazia. Similarmente, muito embora uma
infinidade de número de hóspedes deixe o hotel, ele permanecerá
completamente ocupado. O Isopanisad faz uma consideração similar sobre
a Suprema Personalidade de Deus: Ele é tão completo que, embora
incontáveis energias emanem dEle, Ele permanece completo e não
reduzido. E embora Krsna seja pleno e completo, ainda assim, através
de Sua troca amorosa com Radha, Ele está Se expandindo eternamente sem
limites.
O Senhor Caitanya também personifica outra fase na psicologia
transcendental da troca amorosa entre Radha e Krsna. Já vimos como
Krsna é incessantemente fascinado e atraído por Radha. Ele acha que o
amor dEla por Ele é igualmente incrível. Tal amor é livre de qualquer
egoísmo e aumenta Sua admiração por Ela. Krsnadasa Kaviraja nos diz
que Krsna pensa conSigo: "Qualquer prazer que eu sinta desfrutando do
Meu amor por Srimat-Radharani, Ela desfruta dez milhões de vezes mais
do que Eu através do Seu amor" (Cc. Adi 4.126). Krsna é o desfrutador
supremo, mas Ele percebe que Srimat-Radharani, por Seu amor por Ele,
desfruta de mais bem-aventurança do que Ele. Krsna, então, anseia por
experimentar pessoalmente o gosto do amor de Srimat-Radharani por Ele.
A beleza e doçura de Krsna são tão ilimitadas que atraem todo o
universo. Krsnadasa Kaviraja diz: "A beleza de Krsna tem uma força
natural: ela estremece o coração de todos os homens e mulheres,
começando com o do próprio Senhor Krsna. Todas as mentes são atraídas
ao ouvirem Sua doce voz e o som de Sua flauta, ou ao verem Sua beleza.
Mesmo o Senhor Krsna busca experimentar tal doçura" (Cc. Adi
4.147-148). Mas aquele que mais desfruta da beleza e doçura de Krsna é
Srimat-Radharani. Seu amor imaculado é como um impecável espelho, e,
nesse espelho, a beleza e doçura pessoal de Krsna brilha com grande
esplendor. Krsna, assim, deseja experimentar Sua beleza e atração da
mesma forma que o faz Srimat Radharani.
Por essas razões, então, Krsna deseja aceitar a posição de Srimat-
Radharani. Esse desejo é eternamente satisfeito pela pessoa do Senhor
Caitanya. Em sua forma como o Senhor Caitanya, Krsna assume a
compleição dourada e os sentimentos devocionais de Radha, e
experimenta pessoalmente a ilimitada bem-aventurança do serviço
devocional.
Krsnadasa Kaviraja traz dois versos, nos quais ele sintetiza a
natureza do Senhor Caitanya: "As atividades amorosas de Sri Radha e
Krsna são manifestações transcendentais da potência interna de prazer
do Senhor. Embora Radha e Krsna sejam unos em Suas identidades, são
eternamente distintos. Agora, essas duas identidades transcendentais
se uniram novamente na forma de Sri Krsna Caitanya. Ofereço minhas
reverências a Ele, que Se manifestou com o sentimento e compleição de
Srimat Radharani, embora Ele seja o próprio Krsna. Desejando entender
a glória do amor de Radharani, as qualidades dEle que Ela desfruta
sozinha através de Seu amor, e a felicidade que Ela sente quando
realiza a doçura de Seu amor, o Supremo Senhor Hari, ricamente
adornado com as compleições de Radharani, apareceu no ventre de Srimat
Sacidevi, assim como a lua aparece do oceano" (Cc. Adi 1.5-6).
As três personalidades transcendentais de Radha, Krsna e Caitanya
juntos manifestam a dialética transcendental do amor divino, a
atemporal dinâmica do sempre-crescente oceano de bem-aventurança
transcendental. O Senhor Caitanya descendeu para inundar o mundo com
um oceano de amor distribuindo para todos o cantar dos nomes de Deus.
Simplesmente por cantar Hare Krsna, qualquer um pode entrar no
ilimitado oceano do néctar da devoção.
O Senhor Caitanya inaugurou o renascimento de bhakti e voltou a visão
das pessoas para Deus no mesmo tempo em que o Renascimento na Europa
voltava a visão das pessoas para o homem e para o mundo. Homens como
da Vinci, fascinado pela estonteante e precisa complexidade da
natureza material, começou a se aprofundar em seus segredos e foi
retribuído com descobertas. No mesmo tempo, como que em contrabalanço,
o Senhor Caitanya, através do renascimento de bhakti, deu ao mundo uma
visão sem precedentes acerca da dinâmica interna do infinito amor da
todo-atrativa Suprema Personalidade de Deus. Da mesma forma que os
Renascentistas tentaram desvendar os segredos do mundo, o Senhor
Caitanya e Seus associados desvendaram o reino de Deus e os segredos
do amor transcendental.
Para as pessoas do Renascimento, o mundo e o homem pareciam imbuídos
de ilimitadas possibilidades e promessas. A civilização ocidental, nos
dias atuais, segue com essa visão, mas parece cada vez mais que o
mundo não satisfaz o homem. A mudança de visão Renascentista de Deus
para o homem e a matérias isolou as pessoas de qualquer fonte
transcendental de significados e valores, o relativismo e niilismo
resultantes – o fruto maduro do Renascimento – lançou energias
demoníacas que devastaram o planeta em que vivemos atualmente. E há
mais por vir.
O aparecimento do Senhor Caitanya, portanto, não poderia ser mais
oportuno. A civilização nascida na Europa durante o Renascimento se
espalhou por toda a Terra. Mas houve uma contraposição, na forma do
movimento de sankirtana do Senhor Caitanya, que também se espalhou
pelo Globo em cumprimento a uma profecia do próprio Senhor Caitanya.
Mostrando como Krsna é imensamente amável e todo-atrativo, e fazendo
Krsna facilmente acessível através do cantar de Seus nomes; o Senhor
Caitanya tornou possível que voltássemos novamente nossa visão para
Deus. Isso é preciso. O homem e o mundo não podem atender a
expectativa que projetamos neles. Apenas Krsna e Seu reino
transcendental, onde Ele revela eternamente Seus passatempos amorosos,
podem fazer isso. O Seu reino é rico de promessas infinitas,
convidando-nos a possibilidades ilimitadas.
--
Você está recebendo esta mensagem porque se inscreveu no grupo " Prabhupada Vani" dos Grupos do Google.
Para postar neste grupo, envie um e-mail para srila-prabhupada@googlegroups.com.
Para cancelar a inscrição nesse grupo, envie um e-mail para srila-prabhupada+unsubscribe@googlegroups.com.
Para obter mais opções, visite esse grupo em http://groups.google.com/group/srila-prabhupada?hl=pt-BR.
0 comentários:
Postar um comentário