Sem noção

(Ita Portugal)

Conheci gente sensata e outras nem tanto. Gente colorida e gente preto e branco, gente leve e outras pesadonas. Mas há um tipo de gente que precisa de um pretexto para não viver feliz. Gente que anda em outra trilha. Essa gente, ensaia motivos, aspira pó de desassossego, venera as púrpuras, desafina nos acordes e dorme antes da noite cair.

Gente que não se arrisca e usa suas verdades como escudo para se defender do mundo que acontece lá fora.

Gente que invade o irredutível, mergulhando na sua composição fermentada de brilhos, purpurinas e solenemente aceita as banalidades, implicando com a simplicidade da vida. Ah, essa gente sem noção.

Sem noção de suas vontades
Sem noção de florescer
Sem um pingo de noção dos improváveis, repentinos e passageiros reveses da vida.
Sem noção de como o afeto é necessário,
O ódio envelhece
A amizade gratifica
As cores pintam a vida
A beleza está na essência
A melhor riqueza é a da alma
As experiências amadurecem
O abraço acolhe
A mão aceita
A música embala
O colo descansa
As coisas mudam
A vaidade deturpa
O orgulho afasta
A fé fortalece

O amor abastece, faz rir, distrai, enrosca, toca, cura, salva, e tem chance de ser muito maior do que a gente pensa.