Tenho observado uma crescente no uso do Rapé, motivo pelo qual venho compartilhar meu ponto de vista sobre o assunto, com a única intenção de motivar a reflexão, o esclarecimento, em especial, àqueles que estão aos primeiros contatos com esta "medicina".
Minha abordagem é sob o ponto de vista Espiritual do uso do Rapé, por esta razão está denominado como "Medicina"
Este é um tema complexo e dificilmente poderia ser abordado em sua totalidade em um único texto.
O Rapé é um fino pó feito à base de Tabaco (Nicotiana Tabacum) podendo ser acrescido de outras plantas e cinzas. Existem vários tipos de Rapés, varias formas de prepara-lo, e vários fins para utiliza-lo. Desde os Rapes mais simples usados como expectorantes; até Rapes de extremo poder e força feitos com plantas psicoativas, fazendo do Rapé um Entheógeno.
O Rapé é de origem Indígena, cuja data antecede e muito à chegada dos Europeus ao Continente, está inserido na Cultura e Espiritualidade, sobre tudo, dos Povos da Floresta Amazônica. Sempre utilizado em um contexto cerimonial, muito diferente do que acontece na atualidade, tanto por Índios como não-índios, salvo raras exceções.
Segundo as Tradições Indígenas, a Medicina do Rapé esta na intenção de quem recebe ou aplica, podendo trazer o Bem ou o Mal, curar ou gerar doenças e males espirituais. Ao receber o Rapé, estamos de certa forma confiando nossas vidas as mãos dessa pessoa, daí a necessidade de se conhecer e confiar em quem aplica esta Medicina. Para o bem, recusar desconhecidos e medicinas de origem duvidosa, já que o feitio (Preparo) do Rapé também é uma cerimônia onde está sendo colocado o propósito para aquela medicina.
Lembrar que, quem passa o Rapé também está sujeito aos mesmos efeitos, pois no ato ha uma troca de energias entre ambos, dessa forma, não é aconselhável passar o Rapé.
Por ser uma Medicina Tradicional Nativa, deve estar nas mãos de "Homens e Mulheres de Medicina" (Pajés e Majés) que estão devidamente preparados para tal, os quais, via de regra, são os feitores do Rapé que oferecem.
O Rapé Medicina NÃO é comercializado, é sempre presenteado pelo "Homem Medicina" somente em casos específicos aonde o "Paciente" irá se auto-aplicar.
O Rapé é uma Medicina Sagrada, e muitos são os seus benefícios, curas variadas, Físicas, Emocionais, Mentais e Espirituais, é um Espírito poderoso que vem da Floresta e deve ser tratado como tal, seu uso indevido pode reverter as Bendições em Maldiçoes, por esta razão não se "Toma" Rapé a toda hora, somente dentro do contexto Cerimonial, de pessoa qualificada, e se deve ter em mente um propósito bem definido, pois Rapé é coisa Séria.
O Rapé é feito basicamente da planta Nicotiana Tabacum, o Tabaco, lembrando que o princípio ativo do Tabaco é a NICOTINA, substância que pode causar dependência. No caso do Rapé, a Nicotina é absorvida pelo organismo na forma In-Natura, diferentemente do Cigarro, por exemplo, onde há a combustão e consequente liberação de um numero maior de substâncias nocivas, mas isto não isenta o Rapé , seu uso desmesurado, de forma recreativa, aleatória, pode sim, causar doenças respiratórias como renites, sinusites e muitos outros males decorrentes transformando seu usuário em um DEPENDENTE QUÍMICO.
( Mayá Xanté. )
(O texto que segue abaixo foi extraído do Blog do Jornalista Altino Machado.)
"- Contam que aconteceu quando os europeus chegaram à terra que, depois, chamariam de América. Um deles viu um índio caminhando na praia. O nativo trazia nas mãos uma cana-de-açúcar e algumas folhas de tabaco; na cabeça, ornamentos de ouro. O europeu apontou sua arma e abateu o índio com um tiro certeiro para roubar-lhe os objetos. Antes de morrer, porém, o índio teve tempo de lançar uma maldição. Olhou para o branco e disse: "A cana que me adoça a boca fará cair os teus dentes; o tabaco que me cura e faz viajar adoecerá tuas entranhas e teu peito; o ouro que me ornamenta a cabeça enlouquecerá tua mente". Desde então, tem sido assim."
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